Os preços do milho continuam em trajetória de queda no Brasil, em um movimento observado desde meados de abril, segundo levantamentos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). A tendência de desvalorização está diretamente ligada à postura retraída dos compradores, que aguardam novas baixas sustentadas pelo aumento da oferta nacional.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a produção brasileira de milho alcance 99,8 milhões de toneladas nesta temporada, o que representa um avanço de 11% em relação à safra anterior. Esse crescimento, puxado pela colheita da segunda safra, eleva os estoques e pressiona os preços no mercado interno, especialmente em um cenário de capacidade limitada de armazenagem nas propriedades e armazéns cooperativos.
Outro fator que contribui para a pressão de baixa é o cenário externo. A recente queda do dólar e a retração nos preços internacionais do cereal reduziram a competitividade do milho brasileiro no mercado global. Como resultado, o ritmo das exportações também foi impactado.
De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), analisados pelo Cepea, o Brasil exportou apenas 39,92 mil toneladas de milho em maio de 2025, um volume muito inferior ao registrado no mesmo período do ano passado, quando os embarques somaram 413 mil toneladas.
A conjuntura atual reforça os desafios do setor produtivo, que precisa lidar com os custos da produção, os gargalos logísticos e a perda de rentabilidade. Para muitos produtores, a estratégia tem sido segurar as vendas à espera de melhores oportunidades de mercado, o que deve gerar impacto também no fluxo de caixa das propriedades nas próximas semanas.
Fonte: Cepea