Fábrica de combustível sustentável de aviação deve impulsionar cadeia do etanol em Maringá

Com investimento estimado em US$ 425 milhões, unidade da Satarem utilizará etanol como matéria-prima e fortalece a posição do Brasil na bioeconomia gl

Fábrica de combustível suste

Um novo projeto industrial voltado à produção de combustível sustentável de aviação (SAF) promete movimentar a cadeia produtiva do etanol no sul do país.

A Satarem America Inc., empresa norte-americana especializada em engenharia industrial e soluções para energia e sustentabilidade, anunciou a intenção de instalar sua primeira planta brasileira em Maringá (PR), com investimento inicial estimado em US$ 425 milhões (aproximadamente R$ 2,3 bilhões).

A unidade, que utilizará etanol como matéria-prima principal, deverá iniciar sua produção em dezembro de 2028, com foco inicial no mercado internacional. De acordo com a empresa, a escolha por Maringá se deu por critérios logísticos, disponibilidade de insumos e facilidade de acesso a rotas de exportação via rodovias e ferrovias até o Porto de Paranaguá.

Empregos e integração com a bioeconomia regional

A planta deve gerar cerca de 800 empregos diretos e entre 2 mil a 3 mil indiretos, estimulando não apenas o mercado de trabalho local, mas também a cadeia regional de fornecedores. O etanol, já amplamente produzido no Brasil, ganha protagonismo como insumo-chave na transição energética do setor aéreo, cujo compromisso global é atingir emissões líquidas zero até 2050, conforme metas do Acordo de Paris.

A Satarem também prevê a possibilidade de construir uma segunda unidade no futuro, o que pode ampliar ainda mais a demanda por biocombustíveis e matérias-primas sustentáveis, como biogás oriundo da atividade pecuária.

SAF e o papel estratégico do Brasil

O uso de SAF pelas companhias aéreas deverá crescer exponencialmente nos próximos anos. Estima-se que até 2050, cerca de 71% do combustível utilizado na aviação global precisará ser sustentável. A instalação da fábrica posiciona o Brasil — e especialmente o Paraná — como fornecedor estratégico nesse novo mercado, aproveitando o já consolidado setor sucroenergético.

Segundo o CEO da Satarem America, Jerome Friler, o projeto representa o maior investimento da companhia na América Latina. “A escolha por Maringá se deve à boa oferta de etanol, estrutura adequada e logística eficiente. Este projeto vai além da produção de combustível, ele também promove inclusão com equipes formadas por 50% de mulheres e 30% de jovens”, afirmou.

Apoio fiscal e ambiente regulatório favorável

A decisão da empresa também foi influenciada por políticas de incentivo estadual, como a isenção de ICMS para bens destinados à fabricação de SAF, biogás e outros combustíveis renováveis, prevista no Decreto nº 9.817, assinado em maio. O Paraná tem buscado se destacar como polo nacional na produção de energia limpa, com destaque para o programa RenovaPR, voltado à geração rural de energias renováveis, como biogás e biomassa.

Representantes da empresa ressaltaram a importância do ambiente regulatório e das condições logísticas oferecidas pelo estado. Júlio Gabardo, da Satarem Brasil, destacou que o projeto foi disputado por outros estados, mas a estrutura oferecida no Paraná — especialmente a integração com o agronegócio e disponibilidade de CO₂ de origem biológica — foi decisiva.

Próximos passos

A empresa já iniciou estudos técnicos e está em processo de aquisição de terreno na divisa entre Maringá e Sarandi. O cronograma prevê a conclusão da documentação e da captação de recursos até meados de 2026, com início imediato das obras na sequência.

O projeto sinaliza uma nova etapa para o setor de combustíveis renováveis no Brasil e deve servir como vitrine para futuras iniciativas voltadas à transição energética e à valorização de bioprodutos na matriz de transportes globais.

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