O dólar fechou em alta de 0,83% nesta quarta-feira (26), alcançando R$ 5,80, em um dia de forte pressão tanto de fatores internos quanto do cenário global. O movimento reflete a reação dos mercados à robusta geração de empregos formais no Brasil e às novas medidas protecionistas nos Estados Unidos, impulsionadas pelo ex-presidente Donald Trump.
Caged surpreende e aquece o mercado interno
No Brasil, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego apontaram a criação de 137.303 vagas formais em janeiro. O número superou significativamente a expectativa do mercado, que previa um saldo positivo de 48.000 postos, conforme pesquisa da Reuters.
O resultado sugere um ritmo mais forte de recuperação do mercado de trabalho brasileiro, o que, em tese, poderia fortalecer o real. No entanto, os investidores interpretaram o dado como um possível sinal de que o Banco Central pode adotar uma postura mais cautelosa em relação aos cortes da taxa Selic, mantendo os juros elevados por mais tempo para conter pressões inflacionárias. Esse cenário reforça a atratividade do dólar frente ao real.
Medidas protecionistas dos EUA elevam aversão ao risco
No ambiente externo, a valorização do dólar também foi impulsionada por declarações de Donald Trump sobre possíveis novas tarifas às importações de cobre, medida que visa reconstruir a produção do metal nos Estados Unidos. A iniciativa afetaria diretamente países exportadores como México e Chile, cujas moedas também registraram quedas significativas.
Além disso, o mercado global está atento à postura do Federal Reserve (Fed), que ainda não sinalizou claramente um afrouxamento na política monetária dos EUA. A perspectiva de juros elevados por mais tempo nos EUA mantém o dólar em alta frente às principais divisas, incluindo o real.
Impacto no setor sucroenergético
A valorização do dólar tem efeitos diretos sobre o setor sucroenergético brasileiro, especialmente nas exportações de açúcar e etanol. Um real mais fraco tende a tornar os produtos brasileiros mais competitivos no mercado internacional, favorecendo a receita dos produtores. No entanto, a alta da moeda americana também encarece os insumos dolarizados, como fertilizantes e maquinários agrícolas, pressionando os custos do setor.
Com a continuidade das incertezas globais e os desdobramentos do cenário político e econômico dos EUA, o mercado cambial segue volátil, e o impacto sobre a economia brasileira deve ser monitorado nos próximos meses.