A produção brasileira de biocombustível derivado do milho cresceu de 520 milhões de litros em 2017 para 4,5 bilhões de litros em 2022, um aumento de 800% em cinco anos. Especialistas projetam que, até 2030, o etanol de milho poderá representar 40% da produção nacional de biocombustíveis, com um volume estimado em 10 bilhões de litros anuais.
A expansão da indústria de etanol de milho no Brasil está diretamente ligada ao avanço do melhoramento genético do cereal. Francisco Soares, presidente da Tropical Melhoramento & Genética (TMG), explica que a busca por híbridos mais eficientes tem sido estratégica para atender à demanda da indústria. “O produtor que mira esse mercado prioriza híbridos que entregam estabilidade de produção, alto teto produtivo, precocidade e bom desempenho em diferentes ambientes. Isso garante o volume necessário para a indústria sem comprometer a rentabilidade”, afirma.
A adoção de híbridos adaptados às condições do Cerrado, principal região produtora do cereal, com maior tolerância a estresses hídricos e térmicos, têm permitido o cultivo em áreas antes consideradas de menor aptidão para a cultura. Os dados da União Nacional do Etanol de Milho (UNEM) revelam uma concentração regional, com Mato Grosso liderando ao saltar a moagem de milho para a produção de etanol de apenas 0,23 milhões de toneladas na safra 2014/15 para impressionantes 12,5 milhões de toneladas na safra 2024/25. “É o melhoramento genético que viabiliza essa expansão. Quando desenvolvemos híbridos mais tolerantes a condições extremas, abrimos novas fronteiras agrícolas com segurança produtiva e rentabilidade para o produtor”, destaca Francisco.
Rumo ao destaque global
O avanço no melhoramento genético tem garantido ao Brasil maior competitividade na produção de grãos e consequentemente de etanol de milho. Além de elevar a produtividade, a uniformidade e composição dos grãos melhora a eficiência industrial na conversão do amido em etanol. Esse biocombustível também se destaca por reduzir em até 70% as emissões de gases de efeito estufa em comparação à gasolina e por gerar produtos de valor, como o DDG (Dried Distillers Grains) e o óleo de milho. Recentemente, o DDG começou a ser exportado para a China, o que potencializa ainda mais esse modelo produtivo.
O País já ocupa a segunda posição no ranking global de produção, atrás apenas dos Estados Unidos, que produziram 16,1 bilhões de galões em 2024 (o equivalente a aproximadamente 61 bilhões de litros), enquanto o Brasil atingiu 8,78 bilhões de galões (cerca de 33,2 bilhões de litros) no mesmo ano, segundo o Statista.
“O mercado de etanol de milho no Brasil vive um momento de rápida expansão, impulsionado tanto pela demanda crescente por fontes renováveis de energia quanto pelos avanços tecnológicos na produção agrícola. O melhoramento genético tem sido fundamental para ampliar as fronteiras do cultivo, garantindo maior produtividade e sustentabilidade. Esse biocombustível ganha espaço estratégico na matriz energética nacional, contribuindo para a diversificação e segurança do setor e contribuindo sobremaneira para a industrialização em estados produtores, como exemplo o MT”, completa Soares.