Produção de açúcar e etanol cai no Centro-Sul, mas etanol de milho avança na safra 2025/2026

Moagem recua mais de 11% e qualidade da cana também é afetada; preço competitivo mantém o consumo de etanol hidratado em alta nos estados produtores

Produção de açúcar e etano

A segunda quinzena de maio de 2025 trouxe uma combinação de números positivos e desafios para o setor sucroenergético da região Centro-Sul do Brasil. Dados divulgados pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA) revelam que a moagem de cana registrou leve crescimento em relação à quinzena anterior, mas acumula queda expressiva no comparativo anual.

Entre os dias 16 e 31 de maio, as usinas da região processaram 47,84 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, acima das 45,36 milhões registradas no mesmo período da safra anterior. No entanto, o acumulado desde o início do ciclo 2025/2026 até o fim de maio totaliza 124,77 milhões de toneladas, representando uma retração de 11,85% em relação ao mesmo intervalo da safra passada, quando foram moídas 141,54 milhões de toneladas.

A safra segue em ritmo de expansão: apenas na última quinzena de maio, sete novas unidades iniciaram as operações, totalizando 252 usinas em atividade no Centro-Sul. Desse total, 232 trabalham com cana-de-açúcar, 10 produzem exclusivamente etanol de milho e outras 10 usinas flex estão operando apenas com milho neste momento.

Qualidade da matéria-prima e impacto na produção

A qualidade da cana, medida pelo teor de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR), também registrou queda. Na segunda quinzena de maio, foram 124,87 kg de ATR por tonelada de cana — redução de 4,06% frente ao mesmo período da safra 2024/2025. No acumulado da atual safra, o ATR está em 117,02 kg por tonelada, 4,13% inferior ao ciclo anterior.

Essa menor qualidade da matéria-prima impactou diretamente na produção. A fabricação de açúcar entre 16 e 31 de maio foi de 2,95 milhões de toneladas, crescimento de 8,86% em relação ao mesmo período da safra passada. No entanto, o volume acumulado da safra até 1º de junho é de 6,95 milhões de toneladas, contra 7,87 milhões no ciclo anterior — retração de 11,64%, mesmo com um mix mais açucareiro (49,99%).

Produção de etanol em queda, com exceção do milho

A produção total de etanol na segunda metade de maio somou 2,06 bilhões de litros. Desse total, 1,25 bilhão foram de etanol hidratado (-3,21%) e 811,58 milhões de anidro (-2,98%). No acumulado da safra, a produção de etanol é de 5,74 bilhões de litros, com queda de 11,36%. O etanol hidratado representa 3,85 bilhões de litros (-11,29%) e o anidro, 1,89 bilhão de litros (-11,51%).

O destaque positivo fica por conta do etanol de milho: na quinzena, a produção foi de 370,39 milhões de litros, crescimento de 12,29% frente ao ciclo anterior. No acumulado, o avanço é ainda mais expressivo: 1,45 bilhão de litros, alta de 23,46%.

Vendas internas sustentadas por competitividade

O mês de maio registrou 2,99 bilhões de litros de etanol vendidos pelas unidades do Centro-Sul, praticamente estável em relação ao ano anterior. As vendas de etanol anidro cresceram 6,35%, totalizando 1,11 bilhão de litros, enquanto o hidratado caiu 4,16%, com 1,89 bilhão de litros.

No mercado doméstico, as vendas de etanol hidratado somaram 1,82 bilhão de litros (-4,50%) e as de anidro chegaram a 1,08 bilhão (+7,93%).

Desde o início da safra até o fim de maio, o volume total comercializado é de 5,77 bilhões de litros (-1,92%). O hidratado responde por 3,72 bilhões de litros (-5,23%) e o anidro por 2,06 bilhões (+4,69%).

Segundo levantamento da ANP, entre os dias 1º e 7 de junho, o preço do etanol estava abaixo da paridade com a gasolina em 187 dos 371 municípios pesquisados. Nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná, o biocombustível segue mais vantajoso há quase dois anos.

“O diferencial relativo de preços do etanol hidratado e da gasolina nos postos revendedores está em 67,8% na média do País, oferecendo uma alternativa viável para o consumidor brasileiro economizar e descarbonizar”, explicou Luciano Rodrigues, diretor de Inteligência Setorial da UNICA.

Exportações e mercado de CBios

As exportações de etanol somaram 88,28 milhões de litros em maio, queda de 9,41% em relação ao mesmo mês do ciclo anterior. Do total, 62,65 milhões de litros foram de hidratado (+7,14%) e 25,63 milhões de anidro (-34,25%).

No mercado de Créditos de Descarbonização (CBios), dados da B3 até 13 de junho mostram a emissão de 19,13 milhões de créditos em 2025. A quantidade disponível para negociação já soma 28,92 milhões de CBios.

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