A segunda quinzena de abril foi marcada por um ritmo mais lento da moagem de cana-de-açúcar na safra 2025/2026. No período, foram processadas 17,73 milhões de toneladas, contra 35 milhões na mesma etapa da safra 2024/2025 — retração de 49,35%. No acumulado até o final de abril, a moagem atingiu 34,26 milhões de toneladas, frente a 51,11 milhões no ciclo anterior, uma queda de 32,98%.
Segundo Luciano Rodrigues, diretor de Inteligência Setorial da UNICA, o desempenho foi impactado pelas condições climáticas desfavoráveis, principalmente as chuvas em regiões do oeste de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná.
“O ritmo da moagem na segunda metade de abril ficou aquém do histórico do setor para o período”, afirmou Rodrigues.
Unidades em operação
Nos últimos 15 dias de abril, 44 usinas iniciaram atividades, totalizando 222 unidades produtoras operando na região Centro-Sul. Destas, 205 usinas processam cana, dez produzem etanol a partir do milho e sete são usinas flex. No mesmo período da safra passada, eram 221 unidades operando.
Qualidade da matéria-prima também recua
O nível de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) atingiu 110,64 kg/tonelada na segunda quinzena de abril, queda de 3,97% frente aos 115,22 kg/tonelada registrados em 2024. No acumulado da safra, o ATR médio está em 106,94 kg/tonelada, retração de 4,95% em relação ao ciclo anterior.
Produção de açúcar e etanol em queda
A produção de açúcar totalizou 856,16 mil toneladas na segunda quinzena de abril, uma queda de 53,79% frente ao mesmo período da safra passada (1,85 milhão). No acumulado, foram 1,58 milhão de toneladas, contra 2,57 milhões em 2024 — retração de 38,62%.
A fabricação de etanol atingiu 985,12 milhões de litros, sendo:
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699,14 milhões de litros de hidratado (-36,82%)
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285,97 milhões de litros de anidro (-31,53%)
No acumulado da safra, a produção de etanol totalizou 1,90 bilhão de litros (-19,03%), divididos em:
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1,44 bilhão de litros de hidratado (-19,58%)
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465,09 milhões de litros de anidro (-17,29%)
Etanol de milho mantém crescimento
Apesar do cenário de retração, a produção de etanol de milho segue em alta. Na segunda quinzena de abril, foram 358,87 milhões de litros, crescimento de 22,58% frente aos 292,77 milhões do mesmo período da safra anterior.
No acumulado, a produção de etanol de milho já soma 716,90 milhões de litros, alta de 31,26% sobre o ano passado.
Vendas de etanol têm leve queda, mas mantêm força no mercado interno
As vendas de etanol em abril somaram 2,77 bilhões de litros, queda de 3,46% em relação ao mesmo período de 2024.
Dividindo por tipo:
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Etanol anidro: 946,76 milhões de litros (+2,83%)
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Etanol hidratado: 1,83 bilhão de litros (-6,43%)
No mercado doméstico, foram vendidos:
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1,81 bilhão de litros de hidratado (-4,09%)
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904,91 milhões de litros de anidro (+1,04%)
O total vendido internamente foi de 2,71 bilhões de litros, com variação negativa de 2,44%.
“O elevado volume de vendas de etanol hidratado no mercado interno reflete sua competitividade nas bombas. Em abril, o preço médio do etanol correspondeu a 68,3% do valor da gasolina, tornando-o uma alternativa viável para o consumidor”, destacou Rodrigues.
Segundo a ANP, entre os dias 4 e 10 de maio, 184 municípios registraram preço do etanol abaixo da paridade com a gasolina. Todos os municípios amostrados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná apresentaram vantagem econômica para o etanol.
Exportações em baixa
Em abril, o Centro-Sul exportou 59,05 milhões de litros de etanol, queda de 34,83% em relação a 2024. O destaque negativo foi o etanol hidratado, com apenas 17,19 milhões de litros exportados (-73,75%), enquanto o etanol anidro cresceu, somando 41,86 milhões de litros (+66,70%).
CBios: 65% da meta já atendida
De acordo com dados da B3, até o dia 12 de maio, já foram emitidos 15,55 milhões de CBios em 2025. A quantidade disponível para negociação — somando os em posse da parte obrigada, não obrigada e dos emissores — é de 25,82 milhões de créditos.
“Considerando os CBios disponíveis e os já aposentados, o setor já atingiu quase 65% da meta de descarbonização estabelecida para 2025”, concluiu Rodrigues.