Tecnologia, segurança e gestão no transporte agrícola: Kelly Dardis fala ao Canal da Cana em ocasião o Move Sucro 2025

Com mais de uma década de experiência na área comercial de empresas de tecnologia, ela é especialista em operações offroad e atua diretamente com grandes usinas para garantir eficiência, segurança e integração nas operações logísticas do setor de cana-de-açúcar. Sua visão combina inovação tecnológica, gestão de pessoas e sustentabilidade como pilares estratégicos do futuro do transporte no agro.

A entrevista foi concedida em ocasião do Move Sucro 2025, que será realizado no dia 15 de maio, em São José do Rio Preto (SP). O evento é um dos principais encontros de inovação no transporte do agronegócio brasileiro e reúne profissionais de usinas, transportadoras, empresas de tecnologia, especialistas em logística e gestores de frotas. A 4ª edição do evento traz como tema central “Do plantio ao transporte: movendo usinas para o futuro”, refletindo os desafios e as oportunidades que a transformação digital e a sustentabilidade impõem ao setor sucroenergético.

Canal da Cana — O Move Sucro chega à sua 4ª edição se consolidando como um espaço para discutir o futuro do transporte agrícola. Qual é a sua leitura sobre a importância do evento para o setor?

Kelly Dardis — O Move Sucro se consolidou como uma referência em inovação e tecnologia para o setor sucroenergético, por estar sempre conectado aos desafios e oportunidades do momento, promovendo trocas estratégicas entre os participantes. O tema deste ano reforça essa missão de reunir especialistas, usinas e transportadoras para discutir soluções com foco em inovação, gestão integrada e sustentabilidade. Esta edição marca ainda um novo momento para nós, sendo a primeira sob a marca Platform Science, após a integração das soluções anteriormente promovidas pela Trimble Transportation.

Canal da Cana — Você trabalha diretamente com operações offroad em grandes usinas. Quais são hoje os principais desafios quando falamos em segurança e eficiência no transporte da cana?

Kelly Dardis — A operação é intensa e exige alta disponibilidade da frota. Além disso, os terrenos são muitas vezes irregulares, o que impacta diretamente a segurança e a manutenção dos veículos. Monitorar a condução dos motoristas é essencial. A tecnologia tem sido nossa aliada para garantir uma entrega ágil, segura e com maior integridade da carga e dos colaboradores.

Canal da Cana — A integração entre ativos e pessoas é um dos focos da Platform Science. Como essa unificação tem transformado o dia a dia nas usinas e nas transportadoras?

Kelly Dardis — Conectar os dados dos veículos com o comportamento dos motoristas nos permite atuar de forma preditiva. Identificamos padrões de risco, consumo excessivo, desgaste e outros pontos críticos com antecedência. Isso traz eficiência, economia e mais segurança operacional.

Canal da Cana — Tecnologias como vídeo telemetria e telemática já mostram resultados concretos. Que dados ou cases você poderia compartilhar com a gente?

Kelly Dardis — Um de nossos clientes, com mais de 75 caminhões monitorados, reduziu em um ano 300% os eventos relacionados à fadiga, 80% nos tombamentos e teve economia de até 15% no consumo de combustível. Em escala maior, já observamos redução de até 90% em eventos de fadiga em diferentes operações.

Canal da Cana — O setor de milho para etanol também enfrenta desafios logísticos. Como vocês têm atuado para apoiar esse segmento especificamente?

Kelly Dardis — Atuamos com foco em controle e padronização, principalmente por envolver frotas terceirizadas. Monitoramos veículos, controlamos jornada, rastreamos e analisamos desempenho. A operação é mais rodoviária e longa, então o foco na eficiência e custo é ainda mais crítico.

Canal da Cana — O ano de 2024 foi marcado por secas e incêndios. De que forma a tecnologia pode ajudar o setor a se adaptar às mudanças climáticas?

Kelly Dardis — A tecnologia permite monitorar áreas críticas, replanejar rotas em tempo real e cruzar dados climáticos com históricos operacionais. Empresas com tecnologia embarcada conseguiram mitigar perdas, agir com mais rapidez e planejar ações preventivas com base em dados.

Canal da Cana — Quais tendências você enxerga para o futuro do transporte no agro? A inteligência artificial já é uma realidade ou ainda está em fase de testes?

Kelly Dardis — A inteligência artificial já é realidade, especialmente na análise preditiva e na tomada de decisão. O próximo passo é a automação mais ampla e a integração total das operações. Isso exigirá também uma mudança cultural, com capacitação e gestão de pessoas alinhada à tecnologia.

Canal da Cana — Para encerrar: que conselho você daria para as usinas que querem modernizar suas operações logísticas, mas ainda não sabem por onde começar?

Kelly Dardis — Comecem pelos dados. Entendam sua operação atual, identifiquem gargalos e riscos, e testem soluções com projetos piloto. A tecnologia é ferramenta, mas o diferencial está na gestão e na cultura da empresa. Modernizar é investir em processos, pessoas e conhecimento.